Beijo
Beijo na face
Pede-se e dá-se:
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!
Um beijo é culpa,
Que se desculpa:
Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
Vá!
Um beijo é graça,
Que a mais não passa:
Dá?
Teme que a tente?
É inocente...
Vá!
Guardo segredo,
Não tenha medo...
Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
Dê!
Como ele é doce!
Como ele trouxe,
Flor,
Paz a meu seio!
Saciar-me veio,
Amor!
Saciar-me? louco...
Um é tão pouco,
Flor!
Deixa, concede
Que eu mate a sede,
Amor!
Talvez te leve
O vento em breve,
Flor!
A vida foge,
A vida é hoje,
Amor!
Guardo segredo,
Não tenhas medo
Pois!
Um mais na face,
E a mais não passe!
Dois...
Oh! dois? piedade!
Coisas tão boas...
Vês?
Quantas pessoas
Tem a Trindade?
Três!
Três é a conta
Certinho, e justa...
Vês?
E que te custa?
Não sejas tonta!
Três!
Três, sim: não cuides
Que te desgraças:
Vês?
Três são as Graças,
Três as Virtudes;
Três.
As folhas santas
Que o lírio fecham,
Vês?
E não o deixam
Manchar, são... quantas?
Três!
Pede-se e dá-se:
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!
Um beijo é culpa,
Que se desculpa:
Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
Vá!
Um beijo é graça,
Que a mais não passa:
Dá?
Teme que a tente?
É inocente...
Vá!
Guardo segredo,
Não tenha medo...
Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
Dê!
Como ele é doce!
Como ele trouxe,
Flor,
Paz a meu seio!
Saciar-me veio,
Amor!
Saciar-me? louco...
Um é tão pouco,
Flor!
Deixa, concede
Que eu mate a sede,
Amor!
Talvez te leve
O vento em breve,
Flor!
A vida foge,
A vida é hoje,
Amor!
Guardo segredo,
Não tenhas medo
Pois!
Um mais na face,
E a mais não passe!
Dois...
Oh! dois? piedade!
Coisas tão boas...
Vês?
Quantas pessoas
Tem a Trindade?
Três!
Três é a conta
Certinho, e justa...
Vês?
E que te custa?
Não sejas tonta!
Três!
Três, sim: não cuides
Que te desgraças:
Vês?
Três são as Graças,
Três as Virtudes;
Três.
As folhas santas
Que o lírio fecham,
Vês?
E não o deixam
Manchar, são... quantas?
Três!
João de Deus de Nogueira Ramos,Representa ao lado de Júlio Dinis, a transição do Romantismo para as primeiras manifestações realistas. Abandonando certos temas ultrarromânticos, João de Deus se aproxima das composições populares, produzindo textos escritos em linguagem simples e métricas variadas, o que lhe valeu a admiração dos jovens realistas. O amor (às vezes, de concepção camoniana), a religiosidade, a sátira, os versos curtos e melódicos (revelando a influência de Tomás Antonio Gonzaga) completam as características da poesia de João de Deus.
ResponderExcluirJoão de Deus de Nogueira Ramos, mais conhecido por João de Deus, foi um eminente poeta lírico e pedagogo, considerado à época o primeiro do seu tempo, e o proponente de um método de ensino da leitura, ... Wikipédia
ResponderExcluirNascimento: 8 de março de 1830, Silves, Portugal
Falecimento: 11 de janeiro de 1896, Lisboa, Portugal
Principais trabalhos: Cartilha Maternal, Flores do Campo, Folhas Soltas, Campo de Flores
Formação: Universidade de Coimbra
Género literário: Poesia
A primeira estrofe nos mostra que não ha nada de mais em dar um beijinho. O poeta fala da inocência do beijo.
ResponderExcluirO poeta usa de rimas emparelhadas. Ex: (face / da-se)
ResponderExcluirBeijo na face
Pede-se e da-se:
E utiliza também, rimas interpoladas. Ex: (Dá / Vá)
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!
O poema é constituído por quintilhas e cada verso dessas quintilhas tem cinco sílabas. Ex: Bei/jo/na/fa/ce
Como recurso estilístico, usa a personificação (A borboleta beija a violeta)
E a repetição (Dá? / Dá? / Dá?)
Muito legal o poema e gostei da sua análise Ana assim consegui entender mais sobre ele 👍😊
ResponderExcluirObrigada pela visita, Pri
ExcluirBoa análise, Ana Maria.
ResponderExcluirObrigada Lígia, pela oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a Literatura Portuguesa.
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