domingo, 21 de maio de 2017

Plano de Aula - Romantismo

PLANO DE AULA 

Tema: Literatura Portuguesa - Romantismo 

OBJETIVO:  
  • Identificar o conhecimento prévio dos alunos sobre Romantismo; 
  • Realizar análises de poesias; 
  • Experienciar a estética por meio de poesias; 
  • Identificar e diferenciar obras literárias românticas e não românticas.   

CONTEÚDO: 
Leitura de textos, demonstração de obras consagradas, proporcionando ao aluno um contato com o universo literário. 

DURAÇÃO DA AULA: 
50 minutos. 

MODALIDADE/NÍVEL DE ENSINO: 
  • Ensino Médio 

MATERIAIS NECESSÁRIOS: 
  • Recurso visuais; 
  • Lousa; 
  • Textos impressos. 

DESENVOLVIMENTO: 
  • Apresentação de slides; 
  • Após a apresentação do conteúdo, o professor organizará a sala em um grande círculo para a discussão do conteúdo apresentado. Os alunos receberão cópias de diversos textos para que sejam analisados, indicando as características presentes em cada um, que permitam classificá-los como textos românticos e não românticos. 
  • Alguns dos textos apresentados pelo professor para que o aluno possa fazer a classificação, serão referentes a escolas literárias anteriores ao Romantismo, como por exemplo o Classicismo. Os textos do Romantismo serão retirados da obra Folhas Caídas, de Almeida Garrett e a obra O Noivado do Sepulcro de Soares de Passos.  

FECHAMENTO: 
  • Correção das análises solicitadas; 
  • Avaliação do conteúdo apresentado. 

Beijo de João de Deus

Beijo
Beijo na face
Pede-se e dá-se:
             Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
             Vá!

Um beijo é culpa,
Que se desculpa:
             Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
             Vá!

Um beijo é graça,
Que a mais não passa:
             Dá?
Teme que a tente?
É inocente...
             Vá!

Guardo segredo,
Não tenha medo...
             Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
             Dê!



Como ele é doce!
Como ele trouxe,
             Flor,
Paz a meu seio!
Saciar-me veio,
             Amor!

Saciar-me? louco...
Um é tão pouco,
             Flor!
Deixa, concede
Que eu mate a sede,
             Amor!

Talvez te leve
O vento em breve,
             Flor!
A vida foge,
A vida é hoje,
             Amor!

Guardo segredo,
Não tenhas medo
             Pois!
Um mais na face,
E a mais não passe!
             Dois...



Oh! dois? piedade!
Coisas tão boas...
             Vês?
Quantas pessoas
Tem a Trindade?
             Três!

Três é a conta
Certinho, e justa...
             Vês?
E que te custa?
Não sejas tonta!
             Três!

Três, sim: não cuides
Que te desgraças:
             Vês?
Três são as Graças,
Três as Virtudes;
             Três.

As folhas santas
Que o lírio fecham,
             Vês?
E não o deixam
Manchar, são... quantas?
             Três! 


Segunda Geração Romantismo

Dentre os românticos da segunda geração com obras poéticas podemos destacar João de Deus. Algumas de suas poesias obedecem aos traços românticos, mas suas obras são diversificadas e há dificuldade para colocá-lo como pertencente a uma determinada escola literária, profissão, categoria social, tempo. A sua poesia não tem as marcas do tempo ou meio a meio. Flores do campo é um nome apropriado para os seus versos, que tinham uma vida eterna e efémera, como as flores de um campo. Os seus mestres são Camões, Dante, Tomás de Aquino e a Bíblia. Em todos eles se encontram expressões para cantar o amor, a vida e a morte, serenamente, sem drama e sem metafísica. 
Veja o exemplo a elegia a vida consagrada a uma morta:

A vida é flor na corrente
A vida é sopro suave
A vida é estrela cadente
Voa mais leve que a ave
Nuvem que o vento nos ares
Onde o vento nos mares
Uma após outra lançou
A vida -pena caída
De vale em vale impelida-
A vida o vento a levou

Há ainda também na poesia de João de Deus poemas satíricos, também de contorno e espírito popular, satirizando os meios acadêmicos, militares e políticos. Renovam o eterno conflito entre o poder e o povo.
O poeta João de Deus e os ficcionistas em prosa Camilo Castelo Branco e Júlio Dinins são os primeiros a influenciar a segunda geração romântica, na década de 70 em Portugal.

Saudades. Almeida Garrett

    VII- Saudades
Leva este ramo, Pepita,
De saudades portuguesas;
É flor nossa; e tão bonita
Não na há noutras devesas.

Seu perfume não seduz,
Não tem variado matiz,
Vive à sombra, foge à luz,
As glórias d'amor não diz;

Mas na modesta beleza
De sua melancolia
É tão suave a tristeza,
Inspira tal simpatia!...

E tem um dote esta flor
Que de outra igual se não diz:
Não perde viço ou frescor
Quando a tiram da raiz.

Antes mais e mais floresce
Com tudo o que as outras mata;
Até às vezes mais cresce
Na terra que é mais ingrata.

Só tem um cruel senão,
Que te não devo esconder:
Plantada no coração,
Toda outra flor faz morrer.

E, se o quebra e despedaça
Com as raízes mofinas,
Mais ela tem brilho e graça,
É como a flor das ruínas.

Não, Pepita, não ta dou...
Fiz mal em dar-te essa flor,
Que eu sei o que me custou
Tratá-la com tanto amor.


Uma das possíveis interpretações é observar o ramo de flores como lembranças que o eu lírico sente e a característica melancolia do romantismo, o sentimento da falta da amada uma amor (a flor) que não deixa espaço para outras; todas as estrofes são quartetos e mais uma vez percebe-se rima toante.

















Rosa sem espinhos. Almeida Garrett

      XII- Rosa sem espinhos


Para todos tens carinhos,
A ninguém mostras rigor!
Que rosa és tu sem espinhos?
Ai, que não te entendo, flor!

Se a borboleta vaidosa
A desdém te vai beijar,
O mais que lhe fazes, rosa,
É sorrir e é corar.

E quando a sonsa da abelha,
Tão modesta em seu zumbir,
Te diz: «Ó rosa vermelha,
Bem me podes acudir:

Deixa do cálix divino
Uma gota só libar...
Deixa, é néctar peregrino,
Mel que eu não sei fabricar ...»

Tu de lástima rendida,
De maldita compaixão,
Tu à súplica atrevida
Sabes tu dizer que não?

Tanta lástima e carinhos,
Tanto dó, nenhum rigor!
És rosa e não tens espinhos!
Ai! que não te entendo, flor.

Uma das possíveis interpretações é que com a figura de linguagem a trocar “flor” por moça/mulher e borboleta e abelha por homens (prosopopeia); há um elogio à rosa, pois ela é apenas carinhosa, apaixonante, atrativa. Todas as estrofes apresentam quatro versos (quarteto) e rima toante (ABABAB).


segunda-feira, 8 de maio de 2017

Uma breve interpretação!

Por Julia Carrero

IX- VOZ E AROMA

A brisa vaga no prado,
Perfume nem voz não tem;
Quem canta é o ramo agitado,
O aroma é da flor que vem.

A mim, tornem-me essas flores
Que uma a uma eu vi murchar,
Restituam-me os verdores
Aos ramos que eu vi secar

E em torrentes de harmonia
Minha alma se exalará,
Esta alma que muda e fria
Nem sabe se existe já.


Para uma melhor interpretação é interessante que veja-se o significado, prado no caso quer dizer “terreno coberto por folhas que servem para a forragem”; em minha interpretação as flores podem dizer respeito às paixões que o eu lírico viveu, o prado como o lembrar as paixões que vivenciou, pois “minha alma se exaltará/ esta alma muda e fria (…) nem sabe se existe já”; as flores e folhas, uma a uma, com o passar do tempo vão morrendo e o eu lírico não se exclui.